Pois é, dizem que o chocolate tem um certo temperamento aditivo e é verdade! Depois de ter lido tanto sobre a guerra holandesa do cacau no início do século XX, vi-me a recuar mais uns anos, até às primeiras histórias empresariais sobre o produto neste país, quando encontrei esta caixa num estabelecimento comercial por aí:
A Van Houten tem mais de 180 anos de história, foi fundada em 1818 em Amsterdam, e é uma das marcas que superou as exigências do capitalismo, e que nos chegou até hoje. Porque terá acontecido isso?
Bom, parece-me que houve um factor que permitiu a esta empresa chegar até aos dias hoje com um grande avanço à partida, que foi o facto de Coenraad Johannes Van Houten e o seu pai, terem inventado e patenteado aquilo que permite que hoje haja chocolate em pó. No início do século XIX o chocolate não era uma bebida de grande consumo, porque ainda não tinha sido inventada a solução técnica que permitia tornar chocolate solúvel.
Os Van Houten desenvolveram o método de pressão do cacau, que separava a parte de gordura (ou manteiga de cacau) do resto, pela pressão e pela utilização de agentes de alcalinização, que depois poderia ser tornada em pó.
Resultado: um pó, suave e fofinho, com muito sabor, que é solúvel em água ou leite. Ou seja o início de um mundo de prazer e desgraça para todos nós.
O processo é hoje conhecido por Dutch Process ou Dutched Chocolate, que no fundo é método base para a maior parte dos preparados de chocolate modernos.
Mas seria uma inovação tecnológica suficiente para suportar uma marca até aos dias de hoje? Na realidade a marca perdeu a patente em 1838 e isso permitiu a outros nomes construírem a partir do sucesso de Van Houten, nomes como a Lindt e a Cadbury.
Na realidade, o que me parece ter sido o grande factor diferenciador foi a aposta internacional que surge em força 53 anos depois do nascimento da marca. Em 1914, 90% da facturação da marca vinha de mercados externos, anos antes já era uma das 10 marcas com mais notoriedade nos Estados Unidos, e desde 1870 tinham fábricas em Singapura, França, Alemanha e Estados Unidos.
Nos dias que correm, esperar 53 anos para internacionalizar é muito, mas na altura parece-me bastante audaz e visionário. Lição do dia: Inovação Tecnológica e Inovação do Modelo de Negócio têm que andar de braços dados.
Mas deixemos as conversas de inovação da indústria do cacau à margem, e vamos ao que interessa: a experiência do consumidor! Diz-me a caixa que devo juntar uma colher de cacau e duas de açúcar, juntar água a ferver e depois mexer continuamente. O resultado é este!
Estão 4.º lá fora e no Domingo diz que neva – já tenho desculpa válida!
Para um mais olhar sobre marca: http://www.vanhoutendrinks.com/en/
[…] podemos ver livros dedicados às várias vertentes do tema: os países produtores de chocolate, história de grandes marcas de chocolate, romances e obviamente como cozinhar chocolate! Mas a colecção não se limita ao chocolate, e […]