O novo edifício da Câmara Municipal de Utrecht, conhecido por Staadskantoor, centraliza todos os serviços municipais num único espaço.
Trabalham 2500 pessoas neste edíficio de arquitectura impressionante em forma de U (uma homenagem à cidade que serve), localizado mesmo junto à estação de comboios.
Para quem conhece um pouco da realidade dos munícipios em Portugal, visitar este edifício mais parece um mundo irreal da Alice no País das Maravilhas.
Passados alguns dias da visita guiada, que me levou aos cantos principais deste edíficio, ainda estou admirada pelo que vi. É-me estranho ver tamanho investimento num edíficio público, tanto a nível monetário, como a nível de desenvolvimento de novos conceitos de atendimento ao munícipe e de trabalho.
Pretende-se implementar um novo conceito de atendimento ao munícipe, por exemplo, através de uma política “empty desk” (ou secretária vazia) com a digitalização quase total de todos os processos da cidade. Basicamente não deverá haver nenhum papel à vista quando se visita a Câmara Municipal.
Caso seja preciso algo em papel e o munícipe se tenha esquecido de o trazer para a sua marcação, são disponibilizados computadores e impressoras para se aceder a documentos. Assim não é preciso reagendar a marcação, evitanto perdas de tempo importantes, sobretudo em processos fiscais ou empresariais.
As salas de espera são modernas e espaçosas e o seu mobiliário pode ser reestruturado conforme a afluência prevista de visitantes no dia.
Para fomentar um bom ambiente de trabalho foram desenhados vários tipos de salas de reunião criativas. Num dos tipos de sala pode-se escolher a cor da luz da sala. Procuras um ambiente descontraído e relaxado para discutir um orçamento complicado? Que tal um azul bebé? Ou queres acabar a reunião rápido? Um vermelho garrido serve o propósito.
A sala de casamentos “rápidos“, em que basicamente bastam 5 minutos para assinar um papel e estar casado, também foi pensada com carinho, e seguem a mesma lógica das salas de reunião criativas. A ideia por detrás é que um simples casamento pelo registo, pode ter qualquer coisa de especial, e não ser totalmente aborrecido (a parte burocrática ninguém lhe tira…)
É também considerado como o edíficio mais sustentável da Holanda. Foi pensado ao pormenor para minimizar o custo energético.
A vista que se têm nos pisos mais altos do edifício é soberba, apesar do plano urbanístico da cidade proibir de forma taxativa que qualquer edíficio seja construído em maior altura que a Dom Toren. Ela tem o direito histórico adquirido de ser a torre de Igreja mais alta da Holanda, e pelo menos em Utrecht de se manter sem rival.
O trabalho em serviço público, que por vezes também é diminuído aqui na Holanda (já me apercebi que as piadas normais associadas ao funcionário público também existem também por aqui) quer-se valorizado com condições materiais “state of the art“.
Todo este investimento vêm no contexto de uma ampla reforma urbanística da cidade de Utrecht, que pretende reconquistar algum do charme, que se perdeu com as renovações dos anos 70 junto à estação de comboios.
Questões associadas aos custos que os munícipes terão que suportar por tais desenvolvimentos, surgem naturalmente na equação, mas não deixa de ser interessante ver uma cidade tão antiga em ampla renovação. Estou bastante entusiasmada em assistir aos poucos a esta transformação da cidade em que vivo.
Para em esteja interessado numa visita guiada, pode inscrever-se gratuitamente aqui. Sejam rápidos, porque esgota muito depressa. Cada visita guiada não admite mais do que 25 pessoas de cada vez. Mas para quem acha arquitectura ou conceitos de atendimento ao público interessante, vale bem a pena.