Contra ventos e contra marés

Diz o ditado que Deus criou o mundo e os Holandeses a Holanda. O único problema é que o Homem anda a mexer com a temperatura cá da casa colectiva e o clima está cada vez menos previsível, o que dificulta a tarefa dos Holandeses em manter a Holanda seca. Em Agosto fez frio e choveu imenso em Setembro voltou o bom tempo. Hoje a 10 de Outubro, apesar das letras de chocolate do Sinterklaas já terem invadido as lojas, estão 18. graus!

Dizia-me um colega Holandês hoje à hora de almoço que existe uma preocupação real em alargar os diques para que possam conter e gerir mais água: a combinação das correntes de água dos Alpes e dos rios da Alemanha, com as furiosas marés de inverno não são assunto para se encarar com leveza. Os níveis de protecção, de risco e os custos envolvidos são aparentemente um tema em constante debate na sociedade Holandesa. E o aquecimento global está a fazer esse tema cada vez mais premente.

Depois desta conversa, lembrei-me da visita, que fizemos com amigos em Agosto, ao “Delta Works“ para ver umas das maravilhas da engenharia mundial. O Delta Works é um conjunto de construções de defesa contra inundações ao longo da costa no Sudoeste da Holanda, perto de Roterdão. As obras iniciaram-se depois das graves inundações nos anos 50.

Perto de umas das construções, na Oosterscheldekering, está uma pedra com a seguinte inscrição:

“Hier gaan over het tij, de maan, de wind en wij“, que pode ser traduzida para “Aqui a maré é controlada pelo vento, pela lua e por nós (os Holandeses, claro está).

Em Setembro de 2008, a Comissão Delta aconselhou que a Holanda inicie um novo plano de construção das suas defesas, para antecipar os efeitos do aquecimento global nos próximos 190 anos. Um pouco do espírito Holandês inscrito em pedra: uma constante luta contra os elementos, porque nunca se pode dar por completo o trabalho de conquistar terra ao mar.

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