Qualquer grande obra pública na Holanda, tem que ter um dia aberto para visita pelo povo, preferencialmente com visita guiada ao local da construção. E quases todos esses dias abertos têm lotação esgotadas, e têm que ser abertas novas sessões mais tarde. Recebo com frequência no correio, convites para participar nestas ditas visitas a obras e lembro-me sempre do meu pai que diz a brincar: “O quê?! Ir até ali para ver buracos?!“ Sim, muitas vezes as obras ainda estão na fase buraco, e já há interesse colectivo suficiente para organizar uma visita guiada, que explique o que ali vai acontecer. E lá vão eles em grupo, cidadãos normais ansiosos por perceber e saber mais sobre o projecto da nova estação de comboios, da nova sala de concertos ou da nova biblioteca.
Outros casos são como este:
Mesmo sendo uma obra privada o interesse mantém-se e a empresa que faz obra tem que incluir uns buraquinhos na tela que protege a obra, para a malta espreitar o que está ali a acontecer.
Vejo esta constante curiosidade com obras como algo tão típico da Holanda, como o hábito dos Holandeses terem as janelas totalmente expostas ao mundo, sem uma cortina que as proteja.
E apesar de parecer algo meio pitoresco aos meus olhos, é sinal de cidadões informados, envolvidos e que gostam de saber o que se passa com os seus dinheiros públicos na sua comunidade.
Um exemplo do dia-a-dia que serve para mostrar dois valores da sociedade holandesa: transparência e não ter nada esconder, tal como uma janela desprotegida de casa.