Acabei de sair de um dos maiores centros comerciais de Utrecht onde assisti a um workshop sobre uma técnica Japonesa de tingir tecidos com azul indigo, conhecida por Shibori. O workshop está inserido numa série de eventos ligados à moda que o centro comercial está a organizar no mês de Novembro.
Não participei no workshop por vergonha: na hora que passei por lá estavam uma série de crianças a aprender a técnica e não queria ser a única matulona a arregaçar as mangas e enfiar as mãos em tinta azul fluorescente. Foi uma decisão parva porque o workshop era aberto a todas as idades e as pessoas que o estavam a dar eram profissionais bastante reconhecidos que já participaram no desenvolvimento de colecções da Levis, da Tommy Hilfiger e outras marcas.
Como não participei no workshop, pude demorar-me a ver o resultado final de algumas das peças que os miúdos estavam a fazer, admirar a técnica e reflectir um pouco sobre como são interessantes estas acções mais culturais nos Centros Comerciais.
Afinal, tudo indicaria que o comércio de retalho na Holanda teria a morte anunciada. Aqui, mais de 10 milhões de pessoas têm um smartphone com internet, o que se traduz numa das maiores taxas de penetração de smartphones do mundo e num crescimento vertiginoso das compras feitas pela internet através do telemóvel.
E é um facto que o mercado de comércio móvel Holandês ganha cada vez mais força: este representa actualmente 550 milhões de euros, com um aumento de 67% em relação ao segundo semestre de 2012. Em 2013, 2,3 milhões de pessoas compraram online usando um smartphone!
Face a isto, qual é o papel da loja física nos dias de hoje? O que é que ela pode acrescentar à experiência de compra face ao conforto e à rapidez de comprar pela internet? A resposta a estas questões é fundamental para a continuidade das lojas físicas. O retalho vai ser obrigado a reinventar a sua proposta de valor e a experiência que pode proporcionar aos seus clientes.
E na minha opinião, a resposta particular que este Centro Comercial está a propor aos seus lojistas e aos seus clientes é muito interessante.
Eu que não sou a maior fã de Centros Comerciais, por mais que uma vez, dei por mim a demorar-me em exposições, em apresentações de arte ou workshops neste Centro Comercial.
Serão estas acções suficientes para combater a tendência de compras online? Tenho as minhas dúvidas, mas acho que o comércio de retalho tem de facto um papel muito interessante a desempenhar e não será substituído se souber inovar.