Ir à praia no coração da Holanda

O Verão na Holanda não é uma estação como em Portugal. O nosso conceito de Verão – dias solarengos, quentes, com pouco vento e sem frio, acontecem aqui quinze dias num ano, uma semana ou 1 dia. Dizem-me que depende muito e nada é garantido, é melhor não fazer planos.  Ou seja, Verão como eu até aqui o conhecia não me parece que exista.

Mas isso não significa que não existam dias bons. E quando se pressente que um desses dias bons está para surgir é preciso fazer todos os preparativos para o aproveitar ao máximo. E hoje foi um dia bom: 26.º graus, pouco vento e um céu azul e limpo de qualquer nuvem.

Sem qualquer hesitação, vestimos os fatos de banho, pegámos numa toalha, aplicámos protector solar (não fosse o diabo tecê-las), enfiamos tudo na bicicleta e logo pelas 10h da manhã rumamos a Maarsen, mais concretamente ao Centro Recreativo, mais conhecido por ser a praia aqui da zona.

Honestamente ia sem expectativas nenhumas. Poder andar de bicicleta em calções e poder apanhar algum sol é para mim alegria suficiente. Mesmo que fosse encontrar um rochedo estranho ao pé de um canal dava-me por contente!

Apesar de ir sem expectativas, rapidamente apercebi-me que afinal o local merecia atenção,  pois o que encontrámos foi um cenário bastante bonito: um lago amplo com pequenos bancos de areia à sua volta, ladeado por um bosque de árvores de porte grande que termina em relva verde vivo, utilizado agora por empreendimento bem organizado e limpo.

Toda a paisagem integra-se muito bem: a mistura do ar fresco do bosque, com o calor da areia, com sol quente e sombras amplas das árvores.

Mas para entrar nesta espaço, é preciso comprar um bilhete diário de 4 euros, e por isso há quem não chegue a entrar no empreendimento e fique à beira do lago em zonas não vigiadas. Sobretudo malta jovem  sem crianças, uma vez que a grande vantagem daquele empreendimento é que é completamente à prova de crianças: jogos na água, escorregas, baloiços, castelos e zonas delimitadas com a profundidade da água para os pais saberem até onde é que eles têm pé. Adicionar a isto nadadores salvadores que vão mantendo tudo sobre controle e que ajudam os pais quando alguma criança se perde.

Assim, quando chegamos percebemos que aquele sítio em Maarsen é o paraíso da criançada. Hordas de crianças, preocupantemente branquinhas e loirinhas sob o sol forte do meio dia, a correr e a saltar de um lado para outro, com uma felicidade tremenda estampada do rosto.  E os pais deixam-nas estar livremente nos seus jogos e deixam-nas correr mesmo que salpiquem as pessoas de água e encham toalhas alheias de areia.

E ao longo da praia estão stands de comida, onde o petisco principal são, nada mais nada menos, uma das maiores manias gastronómicas nacionais: batatas fritas! Acompanhadas com os molhinhos especial: maionese, ketchup, caril e cebola cortada. Também há hambúrguer no pão e “croquetten” para os mais famintos. Tudo isto é servido numa bandeja improvisada, uma caixa de cartão cortado, que se leva para o areal. Um daquelos momentos: “Ai se ASAE visse isto…”. Como Portuguesa que sou, obviamente que preferiria a Bola de Berlim, nem que fosse na sua versão Holandesa!

Duas horas ao Sol, sem coragem para tomar banho no lago frio, bastaram para me sentir em paz. Uma paz proveniente da sensação de dever cumprido: por um lado é um ritual de Verão que não deixa de ser feito mesmo longe dos areais de Portugal, por outro , é como se não tivéssemos desperdiçado estes raros raios de Sol na Holanda.

Talvez seja essa raridade que torne toda esta experiência tão única e especial. Ir à praia na Holanda, em dias assim, é simplesmente fantástico e uma experiência altamente recomendada.

Se um dia quiserem ir a Maarsen, têm toda a informação que precisam aqui.

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