Ontem 30 de Abril de 2013 foi o último dia da Rainha das próximas décadas. A rainha Beatrix pelas 10h da manhã assinou oficialmente a sua demissão e o seu filho Willem-Alexander foi proclamado Rei deste Reino da Holanda.
Nos principais canais da televisão nacional, o tempo de antena foi exclusivo para as várias cerimónias de coroação do Rei. Com a pompa que a circunstância pedia, mas com alguma contenção holandesa, as cerimónias foram-se desenrolando, os comentadores comentando e as festividades acontecendo.
Nas ruas a história é outra, e contou-se de forma um pouco independente das cerimónias de coroação. A tradição mantém-se inalterada apesar de agora ser um Rei celebrado, em vez de uma Rainha. No entanto, nota-se um grande sentimento de agradecimento à Rainha Beatrix por estes anos de serviço à frente do Reino Holandês. É uma pessoa querida pelo povo, e nas ruas ouviu-se muitas vezes cânticos de agradecimento pelo seu reinado.
Obviamente que para quem nunca viveu em Monarquia tudo isto é um pouco estranho e exótico.
E a grande tradição nas ruas e o grande acontecimento é o mercado livre. Milhares e milhares de pessoas vendem livremente, sem necessitarem de licença de feirante, e com a inexistência de qualquer controlo de qualidade, todas as quinquilharias, velharias e bric-a-braque que tinham lá por casa.
E sim, o mercado é feito de forma completamente caótica e desordenada, roupa ao monte, tudo ao molho e fé em Deus. Quebra um pouco com a noção nórdica de arrumação e controlo.
O grande objectivo é encontrar pechinchas, de muita ou pouca utilidade.
Vê-se muitos pais com as crianças a vender brinquedos, livros infantis e roupas usadas. Os próprios miúdos são incentivados a arranjar estratégias de venda originais para despachar as coisas que já não usam e para fazer algum dinheiro. E neste ponto, vê-se um pouco de tudo. Todos os Holandeses são feirante no dia da Rainha e todos tentam fazer um bocadinho de dinheiro, num ambiente festivo.
Mas é na noite anterior ao mercado de velharias que começa a animação na cidade, com milhares de pessoas na rua, que vão à procura dos vários palcos com música, animação e cerveja a bom preços. Essa é a noite da Rainha. E apesar de ser assim chamada, não há muita classe e distinção nas celebrações – a noite acaba com as cidades vestidas de lixo e sujidade e a manhã começa com pessoas de ressaca.
Mas apesar da ressaca, as pessoas estão bastante cedo de pé, para montarem o seu stand de vendas e continuarem a divertir-se. Durante a noite a Câmara faz um esforço brutal para tentar limpar a maior parte do lixo das ruas para que os feirantes se possam instalar.
Outros com menos jeito para o negócio, preferem continuar a festa dentro de um barco no canal. Beber, cantar, dançar e dizer adeus às pessoas nas ruas.
Depois há que não esquecer o laranja, a cor nacional da família real. Laranjinha por todo o lado, em vários tons e variações é o must do dia, mas não é obrigatório, muita gente não o usa ou usa um acessório simples.
Depois de uma manhã inteira à volta na cidade, encontrámos um antigo clube-video a despachar dvds como se não houvesse amanhã. Salas inteiras completas de DVDs a 1€, e obviamente que tivemos que trazer uns quantos exemplares de filmes holandeses para continuarmos com a nossa aculturação.
E senão gostarmos dos filmes? Simples, armano-nos em feirantes para o próximo ano no dia do Rei!
E longa vida aos Reis!
e viva o cor de laranja! beijinhossss
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