Este Sábado foi o espectáculo de abertura da celebração dos 300 anos da assinatura do Tratado de Utrecht.
E foi um espectáculo longe, longe, bem longe do centro da cidade, o que constituiu uma bela oportunidade para testar a minha resistência a andar de bicicleta. Na minha 10.ª vez a andar de bicicleta em toda a minha vida, numa viagem com duração completa 45 minutos, chegámos ao limite do distrito de Utrecht, quase quase já perto de Amsterdam. Eu estava podre e suficientemente assustada com a questão, que sempre que há um ir, há também um voltar.
Simbolicamente aquela localização é um género de boas vindas ao sítio que há 300 anos recebeu os diplomatas que vieram negociar o fim da guerra da sucessão espanhola e que permitiu terminar com uma guerra sangrenta e estabelecer um dos primeiros acordos de paz da história da Europa. Numa forma mais prática, acho que era o único descampado, com alguma acessibilidade por carro e por bicicleta, que permitia comportar uma grande enchente de pessoas. E que grande enchente de pessoas! 14.000 é o número oficial da organização para o número de pessoas que ali estiveram. E eu, contente por ter chegado, por ter encontrado o sítio, temia como seria o regresso.
Mas bom, entre o chegar e o regressar, há o mais importante, que é sem dúvida o durante. E o durante foi um espectáculo sobre a Guerra e a Paz em hora e meia, em que a banda sonora foi da responsabilidade da Orquestra Metropolitana, e que muitas vezes nos levou para um ambiente de banda sonora de filme épico ou de video jogo tipo Metal Gear Solid.
Começou-se com um cenário de guerra. O público estava dividido entre uma grande barricada de torres, guardada por soldados e generais, prontos a incentivar o povo que os rodeia à incompreensão e ao afastamento. Estávamos separados, havia fogo, havia gritos de ordem e havia intolerância.
Mas a certo momento, tanta violência é demais, e nas torres onde antes se ouviam gritos de guerra, os soldados são substituídos por pessoas normais, e ouve-se o pedido do fim à carnificina, à intolerância e à miséria. Pedem que Espanhóis, Franceses, Ingleses e Portugueses estabeleçam uma solução.
E assim chegam os diplomatas, armados nas suas carruagens, com grandes perucas, prontos a discursar, a negociar e a festejar.
É o primeiro derrubar de uma barreira. A multidão que assiste passa-se a ver de um lado e outro. E depois de muito discurso, chega-se a um acordo, quebram-se as últimas barreiras, e dá-se lugar à Paz.
E aqui vem a parte da celebração! As muralhas afastam-se, deixam de existir e entra o fogo de artifício para celebrar! Uma evocação das celebrações que ocorreram há 300 anos por toda a Europa.
Lindo não é?
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